Hoje-em-dia as sociedades, sobretudo nos
grandes centros urbanos, caracterizam-se por uma grande diversidade cultural e
étnica e pelas diferenças sociais, onde o fosso entre os que têm e os que não
têm é cada vez maior. Tudo isso, na minha perspectiva, provoca mais revolta nas
classes marginalizadas e uma certa atitude de desconfiança e de defesa da
classe dominante, originando, de certo modo, a intolerância e a violência.
O filme Crash - no limite (2004), mostra-nos uma cidade
multicultural (Los Angeles), onde as pessoas cruzam-se sob um manto sentimental
de racismo e preconceitos de parte a parte. A violência, o medo e a
intolerância, provocadas pelas incertezas identitárias que Arjun Appadurai (As
Chaves do Século XXI) define como “consequência
da afirmação de uma identidade contra outras culturas”, tomam conta das
pessoas. Várias cenas do filme retratam essas realidades, por exemplo, o
policial branco racista, os dois jovens negros e pobres que se vitimizam com
relação aos brancos e acabam por confirmar também a ideia que eventualmente
esses têm em relação a eles, roubando-lhes o carro, etc. Mas também mesmo entre
as várias etnias (imigrantes), por exemplo a cena da substituição da fechadura
na loja do comerciante, onde o proprietário entende que o jovem quer se
aproveitar dele e depois do roubo parte para a violência e teria assassinado a
sua filha. O jovem policial branco que não concordava com a atitude do seu
colega mas que no final comete um assassinato exactamente devido ao preconceito
e intolerância com relação aos negros. Enfim, é o retrato dos grandes problemas
e desafios que as sociedades multiculturais hoje enfrentam, demonstrando que
todos, em algum momento, dependendo da circunstância, têm comportamentos, eu
diria “racistas”, e que demonstra que dentro de cada um há um certo
etnocentrismo ou mesmo chauvinismo que às vezes sai para fora. Assim, eu sou
mais a favor dessa teoria de choques civilizacionais do que de uma hibridação
cultural. E o grande desafio do nosso tempo é exactamente aprendermos a
respeitar, viver e conviver com e na diferença, da qual ninguém pode fugir.
Bibliografia:
Appadurai
A. (2002) Caminhamos para um choque de culturas ou para uma hibridação
cultural? As Chaves do Século XXI.
Canclini N. (2002) Caminhamos para Culturas
Híbridas? As Chaves do século XXI.
Canlini N.
Culturas híbridas, poderes obíquos, 30/3/2012 (disponível em: http://www.ufrgs.br/cdrom/garcia/garcia.pdf)
Fonseca
B. As diferenças culturais e a sua relação com o Filme Crash - No Limite, a
30/03/2012 (disponível em: http://www.datajus.com.br/?q=node/850)
Lourenço J. Cesar -
O Crash do indivíduo: racismo e vulnerabilidade social no capitalismo,
30/3/2012 (disponível em:http://www.urutagua.uem.br/013/13lourenco.htm)
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