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domingo, 17 de junho de 2012

Entre o chauvinismo e a hibridação cultural

Constacta-se uma divergência de opiniões entre os estudiosos a cerca do futuro dos encontros/convivências de pessoas provenientes de etnias e culturas diferentes. Por um lado temos aqueles que consideram que o chauvinismo acaba por provocar choque entre as civilizações, originando violência, guerra entre as culturas e, outros que entendem a mundialização cultural como uma hibridação de culturas e etnias e que traria o desenvolvimento da interdependência e da diversidade.

Hoje-em-dia as sociedades, sobretudo nos grandes centros urbanos, caracterizam-se por uma grande diversidade cultural e étnica e pelas diferenças sociais, onde o fosso entre os que têm e os que não têm é cada vez maior. Tudo isso, na minha perspectiva, provoca mais revolta nas classes marginalizadas e uma certa atitude de desconfiança e de defesa da classe dominante, originando, de certo modo, a intolerância e a violência.

O filme Crash - no limite (2004), mostra-nos uma cidade multicultural (Los Angeles), onde as pessoas cruzam-se sob um manto sentimental de racismo e preconceitos de parte a parte. A violência, o medo e a intolerância, provocadas pelas incertezas identitárias que Arjun Appadurai (As Chaves do Século XXI) define como “consequência da afirmação de uma identidade contra outras culturas”, tomam conta das pessoas. Várias cenas do filme retratam essas realidades, por exemplo, o policial branco racista, os dois jovens negros e pobres que se vitimizam com relação aos brancos e acabam por confirmar também a ideia que eventualmente esses têm em relação a eles, roubando-lhes o carro, etc. Mas também mesmo entre as várias etnias (imigrantes), por exemplo a cena da substituição da fechadura na loja do comerciante, onde o proprietário entende que o jovem quer se aproveitar dele e depois do roubo parte para a violência e teria assassinado a sua filha. O jovem policial branco que não concordava com a atitude do seu colega mas que no final comete um assassinato exactamente devido ao preconceito e intolerância com relação aos negros. Enfim, é o retrato dos grandes problemas e desafios que as sociedades multiculturais hoje enfrentam, demonstrando que todos, em algum momento, dependendo da circunstância, têm comportamentos, eu diria “racistas”, e que demonstra que dentro de cada um há um certo etnocentrismo ou mesmo chauvinismo que às vezes sai para fora. Assim, eu sou mais a favor dessa teoria de choques civilizacionais do que de uma hibridação cultural. E o grande desafio do nosso tempo é exactamente aprendermos a respeitar, viver e conviver com e na diferença, da qual ninguém pode fugir.




Bibliografia:
Appadurai A. (2002) Caminhamos para um choque de culturas ou para uma hibridação cultural? As Chaves do Século XXI.
Canclini N. (2002) Caminhamos para Culturas Híbridas? As Chaves do século XXI.
Canlini N. Culturas híbridas, poderes obíquos, 30/3/2012 (disponível em: http://www.ufrgs.br/cdrom/garcia/garcia.pdf)
Fonseca B. As diferenças culturais e a sua relação com o Filme Crash - No Limite, a 30/03/2012 (disponível em: http://www.datajus.com.br/?q=node/850)
Lourenço J. Cesar -   O Crash do indivíduo: racismo e vulnerabilidade social no capitalismo, 30/3/2012 (disponível em:http://www.urutagua.uem.br/013/13lourenco.htm)


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