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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os reflexos da sociedade do conhecimento nos sistemas educativos

É inquestionável o peso da inovação na sociedade do conhecimento, constituindo-se como um elemento fundamental para o progresso social e económico dos países.
A transição, nos finais do século XX, da sociedade industrial para a chamada sociedade do conhecimento, trouxe consigo uma nova forma de vida para as populações e uma nova forma de organização social, económica e política a nível global.
Essas mudanças foram impulsionadas pelos avanços tecnológicos, como a internet e a digitalização dos documentos, que permitiu uma revolução na forma de comunicação, passando a ser de muitos para muitos e pelo fenómeno da globalização, que permitiu, além de bens e capital, o fluxo de informação e conhecimento. (Dávila Calle e Da Silva, 2008, p. 2)
Estão, a partir daí, lançadas as bases para a democratização do conhecimento que, aliado ao esforço dos governos para uma maior aposta nas pesquisas científicas, vão impulsionar a criação de inovação e incrementar o desenvolvimento dos países. 
O conhecimento passa a ser o insumo mais importante para a produtividade, provocando a decadência do valor que antes se atribuía à matéria-prima para se passar a valorizar mais o conhecimento embutido nos produtos. Gera-se a partir daí um novo conceito de obsolescência, que na perspetiva de Fulks (2003) citado por Calle Davilla e Da Silva (2008), vai ser gerada pela própria inovação.
Entretanto, esta nova forma de organização social, a democratização da informação, os avanços tecnológicos e o papel central que o conhecimento e a inovação passam a ter no desenvolvimento das organizações e dos países, coloca grandes desafios aos sistemas educativos.
Verifica-se, na perspetiva de Carneiro (2001, p. 122), uma grande desproporcionalidade de tempo na assimilação, organização e transmissão do conhecimento em face à velocidade da produção e difusão da informação produzida hoje pela ciência. O que significa que os nossos sistemas educativos, assim como estão organizados, não conseguirão acompanhar o avanço das ciências, o que põe em cheque, os conhecimentos transmitidos pela escola e a própria autoridade do professor.
Outrossim, a própria filosofia da educação deve definir claramente, qual o caminho que deve seguir. Se será a continuação com a atual filosofia de transmissão do saber acumulado pela humanidade, com enfoque no ensino do conhecido, organizado em disciplinas, que privilegia a disciplina, a autoridade do professor e o código de conduta como imprescindíveis na ordem estabelecida ou, se optará por uma filosofia com foco no aprender, educar para o desconhecido, para a inovação e para a criatividade, que privilegia a espontaneidade, a transferência horizontal de conhecimentos, em que se trabalha os valores da diferença e da individualidade e fomenta a participação e criatividade na formulação de regras de convivência (Carneiro, 2001, p. 124).
 Não será certamente uma decisão fácil de se adotar, desde logo, pelas dificuldades de se formar a pesada máquina de professores e gestores educativos, a readaptação dos curricula e a reinvenção de novas formas de avaliação. (Carneiro, 2001, P. 122)
Outrossim, existe ainda um fosso enorme entre países, e mesmo entre famílias de uma mesma comunidade, relativamente ao acesso às informações e às tecnologias, sobretudo nos países subdesenvolvidos.
Isto exigiria um pesado investimento na educação, desde a adaptação das infraestruturas escolares, à sua infraestruturação tecnológica, à formação dos professores e gestores educativos, à mudança dos curricula, a garantia de acesso às tecnologias pelos alunos a qualquer hora e em qualquer lugar e, sobretudo, à uma paulatina mudança de mentalidades, sobretudo da geração mais antiga, normalmente mais cética relativamente às novas formas de ensino e com maiores dificuldades na utilização das novas ferramentas tecnológicas.
Portanto, será necessária uma verdadeira revolução dos sistemas educativos com custos elevadíssimos, que certamente grande parte dos países, sobretudo os menos desenvolvidos, têm dificuldades em suportar.

Vale ressaltar que não será suficiente equipar as escolas com computadores, substituir as lousas pelos tablets ou quadros interativos e continuar a ter uma postura de reprodução (Pieczkowlki, 2013, min 8:30-8:45) se não houver primeiramente uma aposta forte nos recursos humanos, sobretudo nos professores, nos conteúdos interativos e na forma de ensinar e de aprender. O custo dessa reforma será elevadíssimo. Mas será ainda maior para países que insistirem em continuar a ensinar conteúdos ultrapassados, através de metodologias retrógradas, com técnicas ainda rudimentares para alunos da era digital, com novas formas de perceção do mundo e que vivem numa sociedade global em que são exigidas novas competências. A aposta será inequivocamente nos quatro saberes do futuro descritos por Jacques Delors, no Relatório “A Educação, um Tesouro a Descobrir”, com grande enfoque para o aprender a aprender.


Bibliografia



Bonilla, M. (2002) ESCOLA APRENDENTE desafios e possibilidades postos no contexto da sociedade de conhecimento. Tese de Doutoramento em Educação. Faculdade da Educação da Universidade Federal da Bahia. Disponível em https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11704/1/Bonilla%20M%20H%20Parte%201.pdf
Carneiro, R. (2001) Fundamentos da Educação e da Aprendizagem. 21 ensaios para o século 21. O dilema de sempre. Disponível na plataforma http://elearning.uab.pt/pluginfile.php/359098/mod_resource/content/1/Fundamento-_o_dilema_de_sempre.pdf. Acedido a 14/03/2016.
Carneiro, R. (2001) Fundamentos da Educação e da Aprendizagem. 21 ensaios para o século 21. Velhos problemas, Novas soluções. Disponível na plataforma Carneiro, R. (2001) Fundamentos da Educação e da Aprendizagem. 21 ensaios para o século 21. O dilema de sempre. Disponível na plataforma http://elearning.uab.pt/pluginfile.php/359098/mod_resource/content/1/Fundamento-_o_dilema_de_sempre.pdf. Acedido a 14/03/2016.
 Dávila Calle, G. e Da Silva, E. (2008) Inovação no contexto da sociedade do conhecimento. Revista TEXTOS de la CiberSociedad. Nº 8. Temática Variada. Disponível na plataforma http://elearning.uab.pt/pluginfile.php/359096/mod_resource/content/1/caracteristicas_da_soc._contemporanea.pdf. Acedido a 14/03/2016
Documentário: a educação e os desafios do nosso tempo. Unowebtv (2013), disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xKmzke6qH5A, acedido a 08/04/2016.
Gadotti, M. (2016) Educação Popular e Educação ao Longo da Vida. Disponível em http://www.paulofreire.org/images/pdfs/Educacao_Popular_e_ELV_Gadotti.pdf. Acedido a 10/04/16.
Mosé, V. (2013) A Educação na Sociedade de Conhecimento. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=vqkUWJINT_k, acedido a 08/04/2016.
Teixeira, F. (2010) INOVAR É PRECISO: CONCEPÇÕES DE INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO DOS PROGRAMAS PROINFO, ENLACES E EDUCAR. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade do Estado de Santa catarina. Disponível em http://www.tede.udesc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2211. Acedido a 8/04/2016.





A Adolescência pode prolongar-se ao longo da vida de um indivíduo

A adolescência, pode sim, enquanto processo psicológico, prolongar-se ao longo da vida de um indivíduo. Segundo Branconnier e Marcelli (2000), um certo número de indivíduos nunca chega a entrar no estado adulto. O seu comportamento, e a sua vida afetiva permanecem sempre adolescentes. E, mesmo pessoas “normais” que não se incluem no grupo citado, podem em algum momento das suas vidas, ter atitudes e comportamentos idênticos ou próximos daqueles que experimentou na sua adolescência.
Quantas vezes não estranhamos ou julgamos o comportamento de outras pessoas considerando-as  de infantis, imaturas ou outro termo idêntico?
Outrossim, hoje cada vez mais, os jovens tem adotado um estilo de vida descomprometido, postergando para cada vez mais adiante, a assunção de quaisquer responsabilidades inerentes à vida adulta, preferindo viver uma vida mais livre, optando muitas vezes por experiências apenas, acompanhando a moda e outras modernidades, aproximando-se muito dos comportamentos dos adolescentes.


domingo, 17 de junho de 2012

Entre o chauvinismo e a hibridação cultural

Constacta-se uma divergência de opiniões entre os estudiosos a cerca do futuro dos encontros/convivências de pessoas provenientes de etnias e culturas diferentes. Por um lado temos aqueles que consideram que o chauvinismo acaba por provocar choque entre as civilizações, originando violência, guerra entre as culturas e, outros que entendem a mundialização cultural como uma hibridação de culturas e etnias e que traria o desenvolvimento da interdependência e da diversidade.

Hoje-em-dia as sociedades, sobretudo nos grandes centros urbanos, caracterizam-se por uma grande diversidade cultural e étnica e pelas diferenças sociais, onde o fosso entre os que têm e os que não têm é cada vez maior. Tudo isso, na minha perspectiva, provoca mais revolta nas classes marginalizadas e uma certa atitude de desconfiança e de defesa da classe dominante, originando, de certo modo, a intolerância e a violência.

O filme Crash - no limite (2004), mostra-nos uma cidade multicultural (Los Angeles), onde as pessoas cruzam-se sob um manto sentimental de racismo e preconceitos de parte a parte. A violência, o medo e a intolerância, provocadas pelas incertezas identitárias que Arjun Appadurai (As Chaves do Século XXI) define como “consequência da afirmação de uma identidade contra outras culturas”, tomam conta das pessoas. Várias cenas do filme retratam essas realidades, por exemplo, o policial branco racista, os dois jovens negros e pobres que se vitimizam com relação aos brancos e acabam por confirmar também a ideia que eventualmente esses têm em relação a eles, roubando-lhes o carro, etc. Mas também mesmo entre as várias etnias (imigrantes), por exemplo a cena da substituição da fechadura na loja do comerciante, onde o proprietário entende que o jovem quer se aproveitar dele e depois do roubo parte para a violência e teria assassinado a sua filha. O jovem policial branco que não concordava com a atitude do seu colega mas que no final comete um assassinato exactamente devido ao preconceito e intolerância com relação aos negros. Enfim, é o retrato dos grandes problemas e desafios que as sociedades multiculturais hoje enfrentam, demonstrando que todos, em algum momento, dependendo da circunstância, têm comportamentos, eu diria “racistas”, e que demonstra que dentro de cada um há um certo etnocentrismo ou mesmo chauvinismo que às vezes sai para fora. Assim, eu sou mais a favor dessa teoria de choques civilizacionais do que de uma hibridação cultural. E o grande desafio do nosso tempo é exactamente aprendermos a respeitar, viver e conviver com e na diferença, da qual ninguém pode fugir.




Bibliografia:
Appadurai A. (2002) Caminhamos para um choque de culturas ou para uma hibridação cultural? As Chaves do Século XXI.
Canclini N. (2002) Caminhamos para Culturas Híbridas? As Chaves do século XXI.
Canlini N. Culturas híbridas, poderes obíquos, 30/3/2012 (disponível em: http://www.ufrgs.br/cdrom/garcia/garcia.pdf)
Fonseca B. As diferenças culturais e a sua relação com o Filme Crash - No Limite, a 30/03/2012 (disponível em: http://www.datajus.com.br/?q=node/850)
Lourenço J. Cesar -   O Crash do indivíduo: racismo e vulnerabilidade social no capitalismo, 30/3/2012 (disponível em:http://www.urutagua.uem.br/013/13lourenco.htm)


Prioridades políticas para um desenvolvimento sustentável

Falar de desenvolvimento sustentável significa falar de todas as iniciativas que promovem a qualidade de vida das populações da nossa geração e que garantam esses mesmos direitos às gerações futuras. Essa é a grande preocupação plasmada na Agenda 21, da cimeira Rio – 92, que representa um compromisso firmado entre os países, cujo “ponto central é o levantamento das prioridades do desenvolvimento de uma comunidade e a formulação de um plano de ação, tendo em vista a sustentabilidade e a integração dos aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais, dentro de uma visão abrangente, ou seja, a longo prazo”
 A aplicação da agenda 21 depende, para além das indicações gerais, fundamentalmente do compromisso e engajamento de cada nação, de cada comunidade, no levantamento das prioridades e na delineação de estratégias e mobilização dos recursos necessários, congregando de forma harmónica o desenvolvimento económico, social e ambiental. De modo que, desse documento macro, a nível de cada nação, deverá sair a agenda 21 nacional e as agendas 21 locais, através de um processo participativo e multissectorial das comunidades, onde, efectivamente, as propostas devem concretizar-se. Na minha perspectiva, apesar das especificidades de cada país, região ou comunidade, qualquer aplicação das agendas 21, pelo caracter de sustentabilidade que a suporta, não poderá passar à margem de problemas como gestão de água, efeito de estufa e alterações climáticas, rarefação da camada de ozono, diminuição da biodiversidade, desertificação e desflerestação, resíduos, etc, que segundo Carmo, Hermano (Problemas Sociais Contemporâneos, 2001), constituem os maiores problemas ambientais contemporâneos.

Bibliografia

Qual é a relação entre o processo de vinculação na infância e a resiliência na vida adulta


António Mendes Antunes
Aluno da Licenciatura em Educação na Universidade Aberta de Portugal, Unidade Curricular Psicologia do Desenvolvimento


Resumo:
 Muito se tem dito sobre a vinculação no processo de desenvolvimento humano. Ela é entendida como a necessidade do indivíduo em estabelecer relações afectivas com outros seres humanos. Varia em cada etapa de desenvolvimento e perdura ao longo de toda a vida. No entanto, ao falarmos da vinculação no processo de desenvolvimento humano, necessariamente devemos nos referir também à separação/individuação que responde à necessidade do indivíduo criar a sua própria individualidade. E, é da tensão desta com aquela, que favorece o desenvolvimento psicológico do indivíduo. Assim, pretende-se com este trabalho, no âmbito da cadeira de Psicologia de Desenvolvimento da Licenciatura da Educação da Universidade Aberta, focar o conceito da vinculação e analisar a sua relação com a resiliência psicológica, entendida como a capacidade do indivíduo em enfrentar situações adversas que surgem no dia a dia.

Palavras chaves: vinculação, resiliência, individuação

Introdução
Segundo estudos o processo de desenvolvimento psicológico decorre da tensão entre o processo de vinculação e o processo de separação/individuação. E, estes dois processos vão conhecendo nuances diferentes, dependendo da etapa de desenvolvimento  do indivíduo ao longo da vida. Porém, o processo de vinculação não é linear. Ele varia tendo em conta diversos factores, como por exemplo a cultura, a idade, etc. A necessidade de protecção e de afecto não são iguais entre um bebé de três meses e um outro de catorze. Do mesmo modo que é diferente entre uma criança pequena e um adolescente e, entre este e um adulto. Neste contexto, vamos nos centrar no processo de vinculação na infância e fazer a sua correlação com a resiliência na fase adulta.
 Vinculação

A vinculação é uma necessidade primária de todo o ser humano, assim como a alimentação e outras necessidades fisiológicas. Sem ela o desenvolvimento físico e psíquico da criança fica comprometido e pode mesmo levar à morte.O comportamento de vinculação resulta da necessidade do bebé de criar e manter relações de proximidade e afectividade com outros seres humanos no sentido de obter protecção e segurança. Esta relação é decisiva para o desenvolvimento da criança. O processo de vinculação inicia desde o período de gestação quando o casal começa a criar vínculos com o bebé, imaginando-o, desejando-o e criando espectativas e prossegue ao longo do ciclo vital.
Segundo Bowlby (1978), o bebé, ao nascer já está equipado com um número de sistemas comportamentais que fornecem as bases para o desenvolvimento posterior do comportamento da vinculação, prontos a serem usados logo ao nascer. São essas capacidades inatas (sucção, preensão, orientação, choro e sorriso) que permitem ao bebé estabelecer o laço de afectividade, primeiramente, com as chamadas figuras de vinculação, que são pessoas que estão mais próxima do bebé, normalmente os pais e principalmente a mãe biológica, que lhe garante protecção, segurança e conforto. Aos poucos vai-se alargando a outros membros da família e a outras pessoas.
 Do mesmo modo, a criança vai desenvolvendo capacidades perceptivas precoces de reconhecimento e de diferenciação e que lhe permite iniciar a sua individuação, fundamental para a construção da sua própria personalidade. O sentimento de segurança e de confiança que vai adquirindo dessa relação com a figura de vinculação, estimula a criança a explorar o meio que a cerca, a afastar-se das figuras de vinculação e a iniciar o processo de separação/individuação.

M. Fleming (2005)  explica a interacção existente entre o processo de vinculação e o processo de separação/individuação através das premissas do modelo a que chamou de dupla hélice de desenvolvimento: a) o desenvolvimento psíquico do ser humano resulta da tensão entre o processo de vinculação e de separação; b) estes processos estão activos durante todo o ciclo de vida e ocorrem em simultâneo; c) a vinculação corresponde ao processo de ligação afectiva a outros como meio de assegurar a sobrevivência; d) individuação corresponde ao processo de construção da indentidade; e) a articulação entre estes dois processos é diferente consoante o momento de vida e consequente etapa de desenvolvimento.
Pesquisas de Lorenz, demonstram que o vínculo que se estabelece entre o bebé e a figura de vinculação, a que ele chamou de “imprinting”, não deriva da satisfação das necessidades fisiológicas mas sim da necessidade inata de um vínculo social. A conclusão semelhante chegou Harry Harlow através da experiência com macacos, demonstrando uma vez mais que esse vínculo deriva não da necessidade de alimentos mas sim de afecto e de protecção.
Mary Ainsworth, distinguiu três categorias de vinculação de acordo com as suas observações: a vinculação segura, a vinculação evitante e a vinculação ambivalente/resistente.
Ao fazer esta distinção ela demonstra a importância das primeiras vinculações e que a sua qualidade influencia as relações que a criança vai estabelecer no futuro, designadamente com colegas e professores.
Assim, a ausência dessa figura de vinculação ou quando esse vínculo é deficitário, provoca sérias consequências nas crianças, que são duradoiras e muitas vezes irreversíveis.
Spitz ao estudar as consequências da privação do laço afectivo, concluiu que bebés apresentavam perturbações somáticas e psicológicas. Essas crianças apresentavam atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades nas competências manuais e na adaptação ao meio ambiente e atraso na linguagem. Apresentavam menor resistência às doenças e em casos mais graves, a apatia.
Para Harlow, a privação desse contacto humano traduzir-se-ia em perturbações físicas e psicológicas profundas.
 Resiliência

A resiliência é entendida como a capacidade do indivíduo em enfrentar e lidar com situações difíceis. Boris Cyrulnick define-a como uma «arte de navegar nas torrentes». E sendo uma arte, é um processo, um caminho de desenvolvimento a percorrer.
É um conjunto de competências do indivíduo, de um grupo social ou de uma comunidade que permite gerir as circunstâncias da vida com sucesso e de forma adaptada. E estas competências podem modificar-se ao longo do tempo, conforme a variabilidade dos recursos internos e externos (do indivíduo, do grupo ou da comunidade), e a variabilidade dos riscos inerentes à vida, passíveis de provocar desequilíbrios e desajustes.
Portanto a resiliência pode ser aprendida desde a pré-infância e, segundo especialistas, está fortemente relacionada à auto-estima do indivíduo.
A base da teoria de vinculação postula que a ligação da mãe ao bebé, fundamenta o modelo das relações futuras do sujeito e influencia a sua competência social e desenvolvimento emocional ao longo da vida.
Ainsworth, ao distinguir a vinculação segura, a evitante e a resistente, demonstra que a qualidade desse processo virá a influenciar mais tarde o equilíbrio e a adaptação social.
Outrossim, as conclusões dos estudos de diversos autores como o Splitz, Harlow,  Bowlby, de entre outros, demonstram que quando o indivíduo é privado desse laço afectivo a uma figura de vinculação, o seu processo de desenvolvimento cognitivo, físico, biológico etc, ficam comprometidos, desenvolve apatia, baixa auto-estima, dificuldades de relacionamento, de entre outras consequências, que à partida, condicionam o indivíduo no desenvolvimento ou aprendizagem da resiliência. Ou seja, esses factores tornam o indivíduo menos resiliente ou estará menos apto a lidar com os desajustes e desequilíbrios inerentes à vida.
Em jeito de conclusão diríamos que o processo de vinculação é uma necessidade inerente a todo o ser humano e que é através da interacção/tensão entre este e o processo de separação/individuação é que resulta o desenvolvimento psíquico do indivíduo.
A vinculação, acontece ao longo da vida e é fundamental que, desde a infância, ocorra da melhor forma possível, pois fornece as bases de relacionamento emocional e de competências socias para o futuro. Poder-se-ia dizer que quanto melhor for o processo de vinculação, melhor preparado estará o indivíduo em demonstrar a sua resiliência perante situações menos favoráveis da vida.
Bibliografia
Aberta, U. (2012) A Resiliência como Capacidade de (re) Construção Humana. Disponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1972881 acedido a 24/4/12
Aberta, U. (2012)O Comportamento de Vinculação. Disponível em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/file.php/56271/Tema_2_Textos/Vinculacao.pdf acedido a 24/4/12
Barbosa J. (2009)Relações Precoces e Vinculação. Disponível em http://www.scribd.com/doc/22338512/Relacoes-Precoces-e-Vinculacao-II a cedido a 23/5/12
Pinho, F.(2010) Psicanálise e Teoria da Vinculação. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0160.pdf acedido a 16/5/12
Rita, A. (2008) Vinculação. Disponível em http://psicob.blogspot.com/2008/04/vinculao.html acedido a 22/5/12
Salgado J., Ferreira L., Ribeiro M., Costa R.(  ) Vinculação e Conceito de Resiliência, disponível em http://www.scribd.com/rcosta_470887/d/80633995-Vinculacao-e-Conceito-de-Resiliencia acedido a 23/5/12
Silveira, R. ( ) Uma Contribuição para o Estudo do Ensaio Científico Avaliativo. Disponível em http://w3.ufsm.br/revistaletras/artigos_r2/revista2_5.pdf  acedido a 22/5/12



quinta-feira, 3 de maio de 2012

MEDIA, MODOS E APRENDIZAGEM

Princípios Multimédia

Segundo estudos, o impacto multimédia no ensino, seja online ou presencial, depende de certos princípios. Apresenta-se abaixo sete princípios sugeridos por Mayer (2001) com implicações para o projecto de instrução online:

1.       Princípio Multimédia: os alunos aprendem melhor a partir de palavras com gráficos ou imagens do que de palavras isoladas;

2.       Princípio de Contiguidade Espacial: os alunos aprendem melhor quando palavras e imagens correspondentes são apresentados lado a lado na página ou no ecrã;

3.       Princípio da Contiguidade Temporal: os alunos aprendem melhor quando palavras e imagens são apresentados em simultâneo em vez de sucessivamente;

4.       Princípio da coerência: os alunos aprendem melhor quando palavras estranhas, imagens e sons são excluídos em vez de incluídos;

5.       Princípio da Modalidade: os alunos aprendem melhor a partir de animação e narração sonora em vez de animação e texto no ecrã;

6.       Princípio da redundância: os alunos aprendem melhor a partir de animação e narração do que uma combinação de animação, geração e texto no ecrã;

7.       Princípio das Diferenças Individuais: os efeitos do desenho são mais fortes para alunos com baixos conhecimentos do que para alunos com muitos conhecimentos, e para alunos com elevada capacidade espacial do que para alunos com baixa capacidade espacial;


Bibliografia:

Fahy P. (2008) "As Características dos Meios de Aprendizagem Interactiva Online". Disponível
em http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2213381

OS MEDIA NA FORMAÇÃO À DISTÂNCIA

Segundo alguns autores, a principal função dos meios de comunicação é a coordenação, cooperação e co-construção. E essa visão reflecte, a importância dos objectivos do grupo e dos objectivos individuais de uma comunidade de aprendizagem interactiva. Os media além de ajudar a comunidade a evoluir, permitem uma aprendizagem individualizada, reduzindo a distância transacional. No entanto, os estudantes online sentem a distância transacional de modo diferente, necessitando por isso de formas diferentes e várias ferramentas de interacção, incluindo o professor para apoio. E essa interação deve ser ajustada às necessidades e preferências do estudante, o que requer conhecimentos especializados. Estudos demonstram que as características do estudante e a estrutura do ambiente de aprendizagem influenciam no sucesso ou não do aluno, pelo que, a maturidade deste e uma postura observadora e de auxílio por parte do professor, são aspectos importantes. Assim, o sucesso individual do estudante online depende do uso eficaz dos recursos técnicos disponíveis, da orientação e liderança exercida por um professor-moderador qualificado e das próprias capacidades do aluno e a preferência por uma aprendizagem colaborativa, cooperativa, activa e autónoma. Ressalva-se porém que os indivíduos diferem entre si e, por conseguinte, nem todos os estudantes são capazes de, e podem não querer ter o mesmo grau de autonomia ou auto-suficiência nas suas experiências de aprendizagem. Mesmo em termos de competências, há diferenças entre os estudantes, tendo em conta que além de entender as ideias e os conceitos, devem saber explica-las articuladamente por escrito. Por conseguinte, ele precisa de um ambiente onde possa adquirir e exercitar as suas capacidades e deve receber assistência via media neste sentido. E, uma das principais funções do professor/moderador é a de fornecer a quantidade necessária de estrutura e de diálogo online, através da sua presença no ensino.

Bibliografia:
Fahy P. (2008) “As Características dos Meios de Aprendizagem Interactiva Online”. Disponível em: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2213381